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Comitê Consultivo do projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos realiza encontro no Sertão do Araripe (PE)


‘Ouro Branco’ do Semiárido do Nordeste Brasileiro está pulsando nos territórios onde o plantio do algodão agroecológico foi retomado

Encontro aconteceu no município de Araripina, Sertão do Araripe, em Pernambuco. Fotos: Acervo Diaconia

De Araripina/PE

O ‘Ouro Branco’ do Semiárido do Nordeste Brasileiro está pulsando nos territórios onde o plantio do algodão foi retomado por meio do projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos. Na última terça-feira (28) o Comitê Consultivo do projeto se reuniu no município de Araripina, Sertão do Araripe (PE), para o segundo encontro de avaliação e planejamento dos próximos passos do projeto. Estiveram presentes representantes das organizações não governamentais, organismos participativos de avaliação de conformidade orgânica (OPAC’s), parceiros estratégicos e financiadores.

Waneska Bonfim fez uma apresentação geral do projeto

“Este segundo encontro, previsto dentro do plano de ação geral do projeto, foi um momento de escuta dos territórios sobre o que está dando certo e o que pode melhorar no plantio do algodão, milho, feijão, gergelim e outras culturas que compõem o consórcio nas propriedades rurais que participam da iniciativa”, disse Waneska Bonfim, coordenadora político pedagógica da Diaconia, organização executora do projeto. Para o coordenador geral do projeto, Fábio Santiago, o projeto vem se comportando de maneira exitosa. “As famílias já estão plantando o algodão juntamente com outras culturas. Algumas já estão se preparando para colher a primeira safra e isso nos demonstra que estamos no caminho certo. Contudo, alguns aspectos precisam ser melhorados”. É o que diz o pesquisador da Embrapa, Marenilson Batista. “Estamos na fase de coleta das informações nos territórios da Serra da Capivara (PI) e do Sertão do Araripe. Os resultados obtidos irão nos mostrar exatamente onde poderemos melhorar dentro das nossas atividades sejam de pesquisa, de formação, de orientação às famílias e da plantação e colheita em sí. Esses dois territórios já nos dão condições de colher as informações que precisamos para esse primeiro resultado”.

Um dos momentos mais importantes do encontro foi a escuta dos territórios. Em quase todos as preocupações foram as mesmas. Apesar do plantio já ter acontecido nos territórios, com exceção de Sergipe e Alagoas — onde as famílias aguardam o período das chuvas -, dificuldades para obter tecnologias poupadoras de mão de obra, sacos adequados para o armazenamento do algodão, organização de alguns OPAC’s e a multiplicação das informações obtidas nas formações foram os pontos identificados que precisam ser melhorados. Em contrapartida, as formações de gênero, nas Unidades de Aprendizagem Participativa, diálogos com possíveis instituições de educação e pesquisa e organização de algumas entidades foram conquistas comemoradas.

Seu Marcelo e Dona Aparecida recebeu a comitiva em sua propriedade para mostrar o sucesso do plantio

O encontro terminou após a visita à propriedade da família agricultora de Dona Aparecida Alencar e seu Marcelo Francisco da Silva, na comunidade de Samambaia, em Araripina. Uma área de um pouco mais de sete hectares de terra (ou 23 tarefas como as famílias se referem) onde o casal planta quase tudo, além do algodão, milho, feijão e gergelim.

Área da plantação do algodão agroecológico da família agricultora

O Projeto — Algodão em Consórcios Agroecológicos é uma iniciativa coordenada por Diaconia, em parceria estratégica com a Embrapa Algodão e a Universidade Federal de Sergipe. Conta com o apoio técnico e financeiro do Instituto C&A. Teve início em agosto de 2018 e tem duração de dois anos.

Para a execução do projeto nos territórios, a Diaconia estabeleceu parcerias com ONG’s locais com experiência em Agroecologia que serão responsáveis pelo assessoramento técnico para fortalecer os Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPAC’s) e a produção agroecológica.

No Sertão do Piauí, a Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato desenvolve as atividades na Serra da Capivara. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o trabalho está sendo realizado pela Arribaçã. No Sertão do Araripe, em Pernambuco, as ONG’s Caatinga e Chapada assumiram conjuntamente as ações do projeto. As atividades no Alto Sertão de Alagoas e no Alto Sertão de Sergipe estão a cargo do Instituto Palmas e do Centro Dom José Brandão de Castro, respectivamente. No Sertão do Pajeú (PE) e no Oeste Potiguar (RN), territórios onde a Diaconia já mantém escritórios e atividades, ela mesma se encarrega da implementação das ações locais do projeto.