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Projeto Algodão integra mesa redonda da Textile Exchange sobre o impacto da agricultura familiar no enfrentamento das mudanças climáticas


Por Acsa Macena

À convite da Textile Exchange, o Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos apresentou suas contribuições para o enfrentamento às crises climáticas na Mesa Redonda de Algodão Orgânico (OCRT), que é sistematizada pela organização global sem fins lucrativos que cria líderes na indústria de fibras e materiais, além de coletar e publicar dados e insights críticos do setor que permitem que marcas e varejistas meçam, gerenciem e rastreiem o uso de fibras.

A sessão virtual contou com a presença de representantes de inciativas que trabalham com o algodão orgânico na América Latina. Diante da crescente busca mundial pela fibra orgânica, a ocasião buscou explorar o papel do algodão orgânico no combate às crises climáticas e da natureza, além de apresentar abordagens testadas e comprovadas para enfrentar os desafios de preços e as melhores maneiras de medir os impactos do algodão orgânico.

Participantes da Mesa Redonda de Algodão Orgânico (OCRT) da Textile Exchange

Sendo assim, as contribuições do Projeto Algodão para a mesa redonda partiram de uma preocupação da sociedade como um todo: de que forma a agricultura pode se adaptar para contribuir com a mitigação das mudanças climáticas na relação com a indústria têxtil. Com estudo em curso há três anos sobre a emissão de gases de efeito estufa pela agricultura familiar no Semiárido nordestino, Ricardo Blackburn, assessor de coordenação do Projeto Algodão/Diaconia, explica que o projeto tem um público muito específico e que pouco utiliza tecnologias emissoras de carbono. Isso significa dizer que a emissão de carbono para a atmosfera é muito baixa e, sendo agroecológica, é mais baixa ainda quando comparada a outros modelos de cultivo.

“No nosso estudo, temos um grupo de controle que cultiva o algodão no Semiárido na agricultura familiar com baixo uso de tecnologias, emitindo mais ou menos de 350kg a 400kg de carbono equivalente por hectare, enquanto no nosso grupo, a emissão é de cerca de 100kg de carbono equivalente por hectare. Já o algodão convencional em outros Semiáridos do mundo, a exemplo da Austrália, emite cerca de 1.300 kg de carbono equivalente por hectare, e o algodão orgânico no mundo, a exemplo da índia, EUA, Tanzânia, que é um algodão mais tecnificado, emite em média em torno de 1.5000kg/CO²”, explica.

Sendo assim, durante a apresentação na mesa redonda da Textile Exchange, ficou claro que o modelo de cultivo do algodão consorciado em bases agroecológicas no Semiárido nordestino é fundamental para redução da emissão dos gases de efeito estufa no planeta. “O nosso modelo, comparando com outros Semiáridos do mundo ou então com o algodão orgânico mais tecnificado em outros países do mundo, reduz a emissão em mais de 1 tonelada de carbono equivalente por hectare. Dessa forma, a contribuição desse modelo em relação a emissão de carbono de gases de efeito estufa é muito bom para o meio ambiente. A nossa ideia é amadurecer uma proposta de incentivo ou pagamento por serviços ambientais prestados por essas famílias agricultoras que estão trabalhando com esse modelo”, afirma.

Sobre a Textile Exchange – Fundada como Organic Exchange em 2002, a Textile Exchange é uma organização global sem fins lucrativos que trabalha em estreita colaboração com todos os setores da cadeia de suprimentos têxtil. A Textile Exchange identifica e compartilha as melhores práticas em relação à agricultura, materiais, processamento, rastreabilidade e fim de vida do produto, a fim de criar impactos positivos na água, solo, ar, animais e na população humana criada em todo o mundo pela indústria têxtil. A Textile Exchange expandiu-se de um foco exclusivamente em algodão orgânico em 2010 para incluir um portfólio diversificado de fibras e materiais preferidos.

Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada por Diaconia, em parceria estratégica com a Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória/SE). O Projeto conta com o apoio financeiro da Laudes Foundation, da Inter-American Foundation (IAF) e do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE. O Projeto ainda é parceiro do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, e com o Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/Governo do Paraguai/IBA. Para a execução do Projeto nos territórios, a Diaconia estabeleceu parcerias com ONGs locais com experiência em Agroecologia que são responsáveis pelo assessoramento técnico para fortalecer os Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade Orgânico (OPACs) e a produção agroecológica. No Sertão do Piauí, a Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato desenvolve as atividades na Serra da Capivara. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o trabalho está sendo realizado pela Arribaçã, tendo ainda a parceria com o CEOP – Território do Curimataú/Seridó da Paraíba. No Sertão do Araripe, em Pernambuco, as ONGS CAATINGA e CHAPADA assumiram conjuntamente as ações do Projeto. As atividades no Alto Sertão de Alagoas e no Alto Sertão de Sergipe estão a cargo do Instituto Palmas e do Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC), respectivamente. No Sertão do Pajeú (PE) e no Oeste Potiguar (RN), territórios onde a Diaconia já mantém escritórios e atividades, ela mesma se encarrega da implementação das ações locais do Projeto e parceria com CPT – RN.